
O ônibus parte. Tento cochilar. Desmaio até acordar com o trânsito lento da entrada de São Paulo. “Melhor comprar a passagem pela internet”, penso. Olho no relógio? Quase 11. O próximo é 12 e 30, com previsão de chegada às 14h. Perfeito! Clico em comprar e o site começa a rodar. “Ops, as vendas para este horário estão encerradas”, é a mensagem que aparece. “- Diabos, que falta de sorte! Talvez direto no guichê de tenha.” Respiro. Em frente ao desembarque, um posto de informações ao turista. Um rapaz de cabelo descolorido e bem arrumado, sentado, ergue os olhos com atenção fixa em mim. “- De ônibus é 46… Ou de trem. De hora em hora. A partir da Estação da Luz. Demora 30 minutos. Por 4 e 40. O próximo sai meio-dia.” Olho no relógio? 11 e 30. Dou veredito. “Vou de trem.” “- Pego o metrô sentido…” apontando para trás. O rapaz aponta para o lado oposto. “- Jabaquara.” Caminho até o metrô. Na bilheteria automática, a clássica abordagem, mas sempre uma história nova. “- Com licença, senhor. Só tenho moedas e…” Ergo os olhos e vejo um rapaz bem apessoado, com 2 moedas na mão espalmada para mim. Bem vestido, fala bem, parece ágil e forte. Melhor não baixar a guarda. Resmungo qualquer coisa e sigo meu caminho. Desço na luz. Pergunto ao guarda. “- Siga à direita, plataforma 5.” Sigo orientações até a ligação com os trens da CTPM. “Ai, que fome.” Uma lanchonete cheia de salgados e de gente no caminho. “Deve ser bom, será que dá tempo?” O relógio marca 11 e 44. Pego uma esfirra de frango e enfio no bolso. Passos rápidos e esperto na mochila nas costas. Movimento grande de pessoas também apressadas. Subindo as escadas me deparo com a antiga arquitetura da estação de trem do começo do século passado. “Que coisa linda!” Sigo até a plataforma 5. Um casal com grandes mochilas num banco próximo. Sento na ponta e confirmo o destino com o casal. A moça, magra, responde simpática. O homem de olhos verdes nem desvia o olhar. Olho no relógio: 11 e 50. Tempo suficiente para engolir a esfirra enquanto ouço o casal conversando em francês. Fim do 2º Ato.
Por Maximilian Köberle
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